"Eu faço meu teatro, falo mal. O meu espetáculo lá no Rio... a crítica arrebentou, mas o público aplaude de pé e grita 'bravos'. Faço o público todo gritar. Falo sobre a democracia, digo que a democracia é fashion, tecnológica, maravilhosa, que só numa democracia ocidental fantástica como essa podemos falar como são asquerosos, sujos, canalhas os nossos políticos. E vou arrebentando. Temos que falar qualquer coisa. Temos que falar assim: 'Senhores, isso aqui não é Kosovo, este país não é a Bósnia, não é o Paquistão'. Será que não é? Mas digo que não é. 'Vocês comeram a comida do povo, vocês comeram a música brasileira maravilhosa.' Não entendo por que ainda não aconteceu o desastre de uma guerra civil! É porque Deus ainda não nos entendeu. Aí eu digo: 'Nós sabemos que todo governo é filho da puta!' Aí entram dois atores e dizem: 'Você tem razão, Abujamra, todo governo é filho da puta'. 'E vocês aí? Vocês também acham?' 'Também.' 'E desse lado aqui?' 'Também.' E fica um negócio que parece que eles vão fazer a revolução. Aí eu digo: 'Chega, chega, chega! Senão eles saem daqui e derrubam o Fernando Henrique. Calma!'. E aí eles se aplaudem, entendeu? Não é que me aplaudam, eles se aplaudem. Eu fazer a minha vida não quer dizer nada. Queria, sei lá. Não me enche o saco! Não me enche o saco! Que mais? Acabou!"
Antônio Abujamra em entrevista para a Caros Amigos
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