domingo, 22 de novembro de 2009

O Tempo

A vida é o dever, que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando de vê, já é sexta-feira!
Quando se vê, já é natal...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê passaram 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado...
Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas... Seguraria o amor que está a minha frente e diria que eu o amo...
E tem mais: não deixe de fazer algo de que gosta devido à falta de tempo.
Não deixe de ter pessoas ao seu lado por puro medo de ser feliz.
A única falta que terá será a desse tempo que, infelizmente, nunca mais voltará.

(Mário Quintana)

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Relatos


Um dia qualquer da semana passada

Estava eu e mais dois colegas de curso dentro de um ônibus lotado, rumo a faculdade, quando um deles disse: "Dia chato, hoje não morreu ninguém num acidente. Não tem notícia pro jornal".

Ontem, 17 de novembro de 2009

Chego no meu horário de estágio quando Renata, uma outra colega do horário da manhã, diz estar assustada porque ouviu alguns clientes dizendo que estavam indo ao enterro de alguém próximo ou que acabaram de saber que alguém morreu. Fabiana, outra colega do mesmo horário que eu, ouve coisa semelhante de outro cliente no telefone. Depois o fato se repete com Renata, que está a minha frente, só que dessa vez ela ouve a história de uma tragédia. A coincidência era tamanha que - assutadas - seguramos as mãos e rezamos um pai-nosso.

18 de novembro de 2009
Eu chego no estágio quando entra Feliphe, colega muito querido, ouvindo Chiclete com Banana no celular e fazendo-nos levantar da cadeira e pular como fizemos no show passado. Depois, conversamos e planejamos sobre o próximo carnaval, incluindo a prévia.
Renata vai embora quando chega o seu horário.
Ficamos eu e Fabiana em mesas vizinhas, fazendo o nosso trabalho.
Mais tarde observo pela janela e comento com ela: "Acho que tem alguma 'bronca'. Olha o movimento". Poucos instantes depois entra alguém em espanto: "Sabe o Rafael, motoqueiro que entregava peças?" Ela não precisou terminar pra eu saber o que ela iria dizer. Neste momento já havia largado o teclado do computador, já suava frio e tremia. É, o mais grave que se podia imaginar. Rafael morreu num acidente de trânsito, em plena Avenida Fernandes Lima.
Com minha reação de choque paguei de sentimental-mor, frescurenta, sensível demais. E prefiro ser essa a ser aquela que se preocupou com os gastos que a empresa teria com seu enterro já que ele estava em horário de trabalho. Sou sim, sensível demais. Sinto náuseas quando fico nervosa. Tenho dor de cabeça. E pensem o que eles queiram, considero-me humana. Eu não fiquei preocupada em saber quem era o culpado do acidente nem em ler a matéria na gazetaweb.com. Eu não quero ver uma foto de um corpo sangrento em que ele não está mais. Eu não quero discutir a morte de ninguém. Não, eu não era a melhor amiga do Rafael. Mas eu gostava de vê-lo todos os dias, de parar e dar "Bom dia!", de perguntar a ele qualquer besteira só porque para mim ele era uma pessoa querida e agradável de se ver.
Vou bancar a sentimental enquanto achar que a vida vale muito e que demonstrar amor pelos outros é uma vontade humana. É minha.